terça-feira, 27 de outubro de 2009

Desejo e possibilidade

Queridos amigos: tentarei escrever aquilo que comentei na reunião de ontem.
Nossos desejos sempre caminham à frente de nossas realizações, e é assim que tem que ser, claro. Nossos desejos arrastam as realizações. No entanto, é preciso que haja sincronia entre desejos e realizações, é preciso que aquilo que desejamos esteja de acordo com nossas possibilidades práticas. Mas, eles costumam estar muito adiante, distantes demais do que podemos fazer na prática. Vejam o que ocorre na educação. Todos criticamos a educação atual, e fazemos isso porque nossos sonhos, nossos desejos ultrapassam em muito o que se faz em educação. Mas a realidade da educação é outra, limitada pelo conservadorismo, pelo moralismo, pela arquitetura, pelos métodos, pelas famílias, pelos meios de comunicação, etc. Por mais que a gente deseje uma educação perfeita, vamos à prática e repetimos a educação imperfeita. Aprendemos tanto de psicologia, de sociologia, de antropologia, de biologia e a realidade prática não permite que tudo isso se transforme numa maravilhosa educação. Acontece que educar, no dia a dia das escolas, é como participar de uma corrida de maratona. Se, no meio da corrida, de repente a gente sentir que não vai dar mais, que estamos exaustos, que vamos ficar lá atrás ou parar, não dá para pedir para interromper a corrida e esperar que a gente se prepare por meses até suprir as deficiências, para só então voltar e vencer a corrida. Temos que continuar ou desistir. Na educação é assim, a gente está dando uma aula e, quando as coisas não dão certo, a gente tem que resolver na hora, não dá para sair, se preparar e voltar, aquela aula é aquela, não vai parar, não vai esperar por nós, por mais que o que está acontecendo contrarie nossos desejos. Só depois que a aula terminar é que poderemos rever nossos procedimentos, estudar mais, aumentar o preparo, mas, mesmo assim, a próxima aula trará novos problemas imprevistos que continuarão a criar obstáculos aos nossos desejos. Os desejos precisam respeitar a realidade prática.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Ser Professor

Aos poucos tenho entendido e sentido um pouco mais sobre o que é ser professor. Leciono a pouco tempo, apenas 5 anos. Hoje quando recebi abraços dos meus alunos e quando todos os alunos do colégio cantaram parabéns, percebi que todos aquelas 700 crianças já foram meus alunos. Em apenas 5 cinco anos todas essas crianças já estiveram em minhas aulas em contato com o que ensino. Aqueles olhinhos todos, já olharam nos meus olhos. Quantas em consegui tocar com alguma coisa que servirá para as suas vidas? Será que ensinei coisas boas? Ou alguma palavra ou gesto possa as ter magoado?

Nos próximos anos, outras tantas estarão comigo, e eu nunca saberei o que ensinei.

Parabéns à todos os professores! Aos nossos colegas de Grupo agradeço por poder estar com vocês compartilhando experiências e aprendendo tanto.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia do professor e da professora

Hoje, 15 de outubro, dia da professora e do professor, levantei às sete horas, tomei meu café, fiz minha ginástica, dei minha corrida, tomei meu banho e fui conversar com Paulo Freire. Tínhamos marcado essa conversa semana passada. Ele estava, como sempre, disposto. Pedi que dissesse algo aos professores, neste dia que é deles. Ele mandou dizer o seguinte: “Penso que a liberdade, como gosto necessário, como impulso fundamental, como expressão de vida, como anseio quando castrada, como ode quando explosão de busca, nos vem acompanhando ao longo da história. Sem ela, ou melhor, sem luta por ela, não é possível criação, invenção, risco, existência humana.” (do livro Pedagogia da tolerância, Editora UNESP, página 161).

Polinizadores de conhecimentos

Aqui em casa, quando chega outubro, a pitangueira se enche de flores brancas. Parece que ela tem o dom de enlouquecer as abelhas, que se atiram alucinadamente sobre as flores, sugando-lhes o néctar. Depois, voando por aí, polinizam as pitangueiras que encontram, disseminando a árvore pelos campos e morros de Florianópolis. As abelhas se parecem com os professores, que fazemos mais ou menos a mesma coisa. Quando somos éticos e respeitosos com nossa profissão, atiramo-nos sobre os conhecimentos e depois, pousando em cada aluno, fazemos com que se disseminem. Somos polinizadores de conhecimentos.


domingo, 4 de outubro de 2009

Rio 2016

Fiquei muito orgulhosa em ver nosso país, mais especificamente, a cidade do Rio, sediando uma Olimpíada. Isso não coloca o Brasil como um país de primeiro mundo, mas, nos dá a chance de mostrar ao mundo mais do sobre nosso país. Temos muito a mostrar e muito a aprender.

Fico preocupada, porém, com a forma que nossos governantes irão conduzir as ações na área do esporte até lá. E aqui, não quero falar mal nem bem, desse ou daquele governo. Apenas estou falando de algo histórico que nos afeta diretamente. Nós professores de Educação Física sabemos muito bem o quanto nossa área é deixada em segundo, terceiro e às vezes último plano no que diz respeito à investimentos. Quantos de nós já trabalhamos com bolas furadas ou sem nenhuma estrutura física para ministrar nossas aulas. É claro, que isso sempre foi para nós uma dificuldade, mas, não um empecilho para fazer um bom trabalho. Temos um exemplo lindo com o grupo Oficinas do Jogo, que se utiliza de materiais quase sem custo nas suas aulas e consegue resultados maravilhosos com nossas crianças.

Minha preocupação é mais se as politicas públicas serão voltadas a partir de agora encher as escolas de materiais esportivos, e com isso dizer que estão investindo em esporte, ou a formar professores capacitados a dar boas aulas fazendo com que nossos jovens gostem de esporte e gostando de esporte se tornem ótimos atletas e também pessoas conscientes, amorosas, responsáveis e éticas.

Nesses 7 anos até 20016, talvez não consigamos mudar 500 anos de história, mas, ter a atenção voltada para a Educação Física já será algo muito importante para nós.