sábado, 16 de outubro de 2010

BRINCAR É COISA SÉRIA

BRINCAR É COISA SÉRIA

Ciro Goda

Mestre/Professor de Educação Física

Membro do Grupo Oficinas do Jogo

gohda.ciro@gmail.com

Passado o grande momento desafiador, que o foi para muitas crianças, nada mais gratificante o tão sonhado período de férias, época de esquecer os deveres, a maratona das inúmeras obrigações com horário, as incontáveis solicitações em situações nem sempre afáveis, sem poder descansar e espairecer.

Este período coincide com o período de promessas, luzes, cidades decoradas, enfim, o grande momento da generosidade, que é o Natal. Chegou à época de ganhar presente ou ainda poder escolher o “brinquedo predileto” prometido durante o ano e os não prometidos por muitos familiares.

Convém salientar para os pais, detalhes que dos seis aos sete anos, aproximadamente, as crianças definem grande parte de seu desenvolvimento afetivo, cognitivo, físico, mental e social. Adoram movimentar-se, pular, disputar corrida com o colega ou com a brisa, quando muitos pais tolhem, limitam esse tipo de ação. Importante, também, lembrar que eles adoram ouvir histórias, desenhar, escrever (garatujas), gostam muito de brinquedos, preferencialmente multicoloridos, e que possam montar e desmontar, desafiando o seu poder de dedução e raciocínio.

Quão valioso é ter um ambiente rico em informação que possa estimular o desenvolvimento. Os brinquedos têm um sentido profundo se vierem representados pelo brincar. Muitos pais preferindo o silêncio, a comodidade, a casa perfeitamente arrumada (ou decorada) tolhem e enunciam que não podem brincar, pois estão assistindo televisão, lendo jornal, descansando; não raro alegam terem comprado brinquedos caros e por isso não devem brincar, com medo de que os possam destruir.

Muitos dos brinquedos industrializados têm como objetivo satisfazer necessidades imediatas e tão logo preenchidas essas necessidades, eles vão para um canto, caindo em desuso. Muitos dos brinquedos são desmontados por lhes provocar curiosidade, para verificar a sua funcionalidade mecânica, prova de interesse e inteligência.

Os brinquedos, quanto mais sofisticados, muitas vezes perdem sua função primeira, o de instrumento de brincar, que é a interagir, estimular; ao contrário, as crianças passam a meros espectadores, passivos, observam apenas.

Seria tão encantador tomar um cabo de vassoura, este tornar-se-ia o ágil cavalo alado, o Pégaso, símbolo da imortalidade ou na poderosa espada do homem que vive no planeta Eternia, He Man. Nestes brincar confecciona castelo de areia, podendo tornar-se um arquiteto lúdico.

Quanta habilidade e coordenação motora estarão associando ao brincar de pedreiro, padeiro, motorista, guarda de transito, ou piloto de uma aeronave em um simples balanço. Quem um dia não sonhou em ser um super herói, mesmo vestindo a cueca por cima da calça, ter super poderes, ser invisível, ou ser inabalável ao disparo de uma arma.

Mas o pai “atualizado” desvaloriza-os por não corresponderem ao fruto de seu poder econômico, seu status tão almejado.

A brincadeira infantil constitui uma atividade em que as crianças, sozinhas ou em grupo, podem compreender o mundo e as ações humanas nas quais se inserem cotidianamente, segundo Wajskop, sob uma ótica peculiar de uma faixa etária.

Talvez seja tempo de relembrar que brincar é um direito fundamental de toda criança, e aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. Cabe, também, à escola a enorme responsabilidade de se sobrepor ao poder da mídia e do consumo hipnotizante e oferecer oportunidades para a construção do conhecimento através da descoberta e da invenção, do lúdico, elementos estes indispensáveis para a participação ativa da criança no seu meio.

Que tal fazer de seu filho matéria de especialização, mestrado, doutorado em afeto, doação, resgate do amor verdadeiro, enfim, da interação!

E... sejam felizes verdadeiramente!...

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