Nossos donos são aqueles que
destroem os nossos rios, enchendo-os de lama, e depois, nós ainda beijamos seus
pés porque eles fazem isso para nos dar os empregos que usamos para morar no
meio da lama e comprar alguma comida.
Nossos donos são aqueles que nós
elegemos para fazer os cambalachos que corrompem a alma de nosso país. Às
vezes, quando os elegemos, são humildes trabalhadores, mas logo enlouquecem com
a visão do poder e do dinheiro, deixam de ser nossos amigos e se tornam amigos
dos outros nossos donos, gente poderosa e endinheirada. E o humilde trabalhador
que era nosso amigo logo vira nosso dono.
Nossos donos são donos de televisão,
de jornal, de internet, e são eles que dizem como devemos pensar e agir. Eles
nos transformam em pessoas odientas e agressivas e nos fazem odiar as coisas
que já amamos muito um dia.
Nossos donos são aqueles que nos
deixam doentes e vendem os remédios para curar essas doenças que eles
inventaram.
Nossos donos são aqueles que fazem
as coisas ficarem muito caras e nos dão empregos para pagar as coisas caras que
eles produzem. São eles que dizem o que temos que comer, como temos que
plantar, como temos que colher.
Nossos donos são aqueles que vendem
as nossas praias, as nossas terras, os nossos campos, e nos fazem morar em
lugares apertados, muito caros, mas que achamos que é barato e grande, e até
agradecemos a oportunidade que nos dão de morar.
Nossos donos são aqueles que nos
emprestam dinheiro e a gente até se surpreende com sua bondade, porque nunca
param de nos emprestar dinheiro, por mais que a gente deva a eles.
Nossos donos são aqueles que nos
educam para acreditar que não se deve viver em liberdade, porque viver em
liberdade dá muito trabalho e é melhor ter sempre alguém que decida as coisas
por nós.
Nossos donos são aqueles que nos
permitem viver e até escrever estas coisas.