Para
que a criatividade não morra
João
Batista Freire
Ao longo de sua vida profissional os
professores terão milhares de alunos. Sabedores de muita pedagogia devido à
experiência acumulada, eles saberão que não há aluno igual ao outro. Mas terão
que resolver o problema de ensinar a mesma coisa para todos, sempre do mesmo
jeito, cobrando a mesma avaliação.
Está certo, a gente tem que aceitar
que dois mais dois é igual a quatro e que três vezes sete é vinte e um. Que
seja, que todos tenham que responder igual. Mas o jeito de aprender e de
resolver o problema poderia ser diferente. A gente não tem um método na escola
(exceto em algumas escolas) para fazer com que as pessoas diferentes possam
resolver os problemas de maneira diferente. Ora, chegar à conclusão de que três
vezes sete é vinte e um certamente seguirá caminhos diferentes nas diferentes
pessoas, a menos que elas sejam obrigadas a fazer do mesmo jeitinho, que é o
que acontece na chamada educação tradicional. Da mesma maneira as crianças
precisam sentar nas carteiras do mesmo jeito, nas salas iguais, pintadas
iguais, com material igual, como se o mundo fosse igual, o universo igual, a
natureza igual. Querem impor a pessoas diferentes um mundo igual. O mundo não é
igual, é diferente, e que bom que seja assim; a diversidade é a realidade do
mundo.
Se a gente passar isso para a
Educação Física, mais particularmente para um de seus principais conteúdos, o
esporte, a coisa não muda muito. Nas aulas de Educação Física a escola também
quer que os alunos aprendam os gestos do vôlei, do basquete ou do handebol do
mesmo jeito. Aceitamos que, no vôlei, é preciso fazer a bola cair no campo
adversário, com um toque ou uma cortada, por exemplo. Mas fazer isso pode ser
diferente para cada pessoa. As pessoas diferentes, com suas personalidades,
farão a cortada ao seu jeito, mesmo respeitando as técnicas consagradas. Cada
um fará melhor o que for mais de acordo com seu jeito de fazer. Que a
personalidade se manifeste no gesto e que essa personalidade possa crescer com
o aperfeiçoamento do gesto. Obrigar Pedro a fazer o gesto da mesma maneira que
Antônio é matar a criatividade de Pedro e não há nada mais precioso no esporte
que a criatividade.
Boa Reflexão Professor; acho que a dificuldade é trabalhar o esporte ou o jogo com características de esporte de forma que todos tenham a oportunidade de participar; se envolver e se desenvolver com essa atividade. Com certeza a ênfase que se dá padronização dos movimentos; ou do gesto técnico de cada modalidade esportiva vem a contribuir com uma cultura de exclusão dos inaptos que perpassa ao longo dos anos.
ResponderExcluirA ideia do esporte educacional vem crescendo
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