quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Para que a criatividade não morra



Para que a criatividade não morra
                                                                                               João Batista Freire

            Ao longo de sua vida profissional os professores terão milhares de alunos. Sabedores de muita pedagogia devido à experiência acumulada, eles saberão que não há aluno igual ao outro. Mas terão que resolver o problema de ensinar a mesma coisa para todos, sempre do mesmo jeito, cobrando a mesma avaliação.
            Está certo, a gente tem que aceitar que dois mais dois é igual a quatro e que três vezes sete é vinte e um. Que seja, que todos tenham que responder igual. Mas o jeito de aprender e de resolver o problema poderia ser diferente. A gente não tem um método na escola (exceto em algumas escolas) para fazer com que as pessoas diferentes possam resolver os problemas de maneira diferente. Ora, chegar à conclusão de que três vezes sete é vinte e um certamente seguirá caminhos diferentes nas diferentes pessoas, a menos que elas sejam obrigadas a fazer do mesmo jeitinho, que é o que acontece na chamada educação tradicional. Da mesma maneira as crianças precisam sentar nas carteiras do mesmo jeito, nas salas iguais, pintadas iguais, com material igual, como se o mundo fosse igual, o universo igual, a natureza igual. Querem impor a pessoas diferentes um mundo igual. O mundo não é igual, é diferente, e que bom que seja assim; a diversidade é a realidade do mundo.
            Se a gente passar isso para a Educação Física, mais particularmente para um de seus principais conteúdos, o esporte, a coisa não muda muito. Nas aulas de Educação Física a escola também quer que os alunos aprendam os gestos do vôlei, do basquete ou do handebol do mesmo jeito. Aceitamos que, no vôlei, é preciso fazer a bola cair no campo adversário, com um toque ou uma cortada, por exemplo. Mas fazer isso pode ser diferente para cada pessoa. As pessoas diferentes, com suas personalidades, farão a cortada ao seu jeito, mesmo respeitando as técnicas consagradas. Cada um fará melhor o que for mais de acordo com seu jeito de fazer. Que a personalidade se manifeste no gesto e que essa personalidade possa crescer com o aperfeiçoamento do gesto. Obrigar Pedro a fazer o gesto da mesma maneira que Antônio é matar a criatividade de Pedro e não há nada mais precioso no esporte que a criatividade.

2 comentários:

  1. Boa Reflexão Professor; acho que a dificuldade é trabalhar o esporte ou o jogo com características de esporte de forma que todos tenham a oportunidade de participar; se envolver e se desenvolver com essa atividade. Com certeza a ênfase que se dá padronização dos movimentos; ou do gesto técnico de cada modalidade esportiva vem a contribuir com uma cultura de exclusão dos inaptos que perpassa ao longo dos anos.

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